Resenha do livro "O Tatuador de Auschwitz - Heather Morris"

dezembro 01, 2018

Nesse romance histórico, um testemunho da coragem daqueles que ousaram enfrentar o sistema da Alemanha nazista, o leitor será conduzido pelos horrores vividos dentro dos campos de concentração nazistas e verá que o amor não pode ser limitado por muros e cercas.
Lale Sokolov e Gita Fuhrmannova, dois judeus eslovacos, se conheceram em um dos mais terríveis lugares que a humanidade já viu: o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. No campo, Lale foi incumbido de tatuar os números de série dos prisioneiros que chegavam trazidos pelos nazistas – literalmente marcando na pele das vítimas o que se tornaria um grande símbolo do Holocausto. Ainda que fosse acusado de compactuar com os carcereiros, Lale, no entanto, aproveitava sua posição privilegiada para ajudar outros prisioneiros, trocando joias e dinheiro por comida para mantê-los vivos e designando funções administrativas para poupar seus companheiros do trabalho braçal do campo.
Nesse ambiente, feito para destruir tudo o que tocasse, Lale e Gita viveram um amor proibido, permitindo-se viver mesmo sabendo que a morte era iminente.

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Eu não sei nem como começar essa resenha. Mas posso garantir que esse livro foi uma das melhores leituras do meu ano, e com certeza de toda a minha vida. 

Já fazia um tempo que eu estava curiosa a respeito dessa história, pois depois de ler e ver vídeos de resenhas eu sabia que era uma história baseada em fatos reais, e não somente por se passar no período do holocausto, mas sim porque seus personagens e histórias vividas também eram verdadeiros.

O livro conta a história de Lale, um jovem da Eslováquia que vivia despreocupadamente com sua família, adorava as mulheres desde que nasceu, falava cinco línguas e era um bom observador. Mas então Lale precisa deixar seu lar quando os alemães convocam um homem de cada família para trabalhar nos campos da Polônia, e como o irmão de Lale era casado, ele foi em seu lugar.

Depois de uma viagem de quase três dias, em pé, em um vagão lotado, nas piores condições possíveis, ele chega ao maior campo de extermínio que a humanidade já viu, Auschiwitz.
Assim que desce do trem, Lale vê homens caírem de tanto cansaço por terem ficado tanto tempo em pé, e ali mesmo morrerem a tiros por não conseguir caminhar e obedecer as ordens. Mas o que permanecem vivos, tem que passar por uma inspeção. Todos ficam nus, esperando pelas próximas ordens dos oficiais que dizem para onde vão e com o que vão trabalhar.

Mesmo sabendo do que a história se trata, o baque que sentimos ao descobrir junto com Lale como seria esse lugar em que chegou, é enorme. Ele não fazia ideia do que se tratava esse campo, sabia que estava salvando a família de alguma forma, mas nem imaginava o quão monstruoso esse lugar era.

Lale foi levado junto dos outros prisioneiros para os barracões onde dormiam todos juntos, uns em cima dos outros. A comida era uma pequena porção por dia que consistia em uma sopa rala e um pedaço de pão com ferrugem. Mas mesmo assim, deveriam trabalhar em sua capacidade máxima, enfrentar climas adversos, doenças que se espalhavam por todo o campo e ainda passarem despercebidos pelos oficiais que não perdiam uma oportunidade de serem cruéis e matarem a sangue frio. O próprio Lale acaba doente de Tifo, e nesse momento foi a primeira vez a encarar a morte. Mas graças a bondade de um amigo que arriscou a própria vida pra salvá-lo, ele foi notado por um francês que era o tatuador. E assim começou a jornada de Lale como o tatuador de Auschwitz.

Como Lale conseguiu um dos cargos de maior importância entre os presos, ele tinha alguns pequenos privilégios, como um quartinho só seu, uma porção extra de comida (que continha pequenos pedaços de batatas), um cobertor, e também podia andar um pouco mais livremente pelo campo. E como era um homem extremamente bondoso, por muito tempo aproveitou do seu privilégio para trocar dinheiro e pertences achados pelas mulheres, por comida, e assim distribuía o pouco alimento que conseguia com as mulheres e seus amigos "menos privilegiados". 

Em certo dia, Lale quase desiste de ser tatuador por ver que as próximas pessoas que deveriam receber sua marca eram mulheres. Como já disse, Lale sempre amou as mulheres, em todas as suas formas. Ele sempre as admirou, gostou de ouvi-las, conquistá-las e em tê-las por perto. Mas sabe que se não fosse ele a fazer o trabalho, outro o faria, e poderia não ser tão cuidadoso em infligi-las uma dor ainda maior. Nesse momento, quando Gita, uma jovem de olhos quase negros se senta a sua frente e estende o braço a ele, enquanto ele marca o número em sua pele, ela acaba marcando seu coração.

Desde o dia que chegou, Lale promete a si mesmo que vai sobreviver, mas com a entrada de Gita em sua vida suas forças se renovam, e agora ele quer conquistá-la, mantê-la viva além de sobreviver, para que eles possam ser felizes um dia longe desse lugar horrível. 

De cinco anos em que o campo de concentração esteve em atividade, esse casal sobreviveu nele, por três longos anos. E nesse livro vemos como foram os dias para essas duas pessoas que enfrentaram extremos para ficarem juntos. E sabendo de que essa história é real, a lição que tiro, é de que o amor é a força mais poderosa que existe.

Não tenho palavras pra descrever quão emocionada fiquei com cada descrição de Lale. Era como se estivesse vendo tudo acontecer pelos olhos dele, ou estivesse sentada junto a ele, ouvindo-o contar como foram seus dias mais sombrios, e também sobre o amor que o deu forças para sobreviver a esse inferno. 

Essa história surgiu quando a escritora Heather Morris conheceu um homem na austrália que disse: "Minha mãe faleceu, e meu pai tem uma história a contar". Durante três anos, Heather se encontrou com Lale de duas a três vezes por semana, para ouvir o que ele tinha a dizer. E a primeira coisa que disse foi: "Quão rápido você pode escrever? ...preciso me juntar a Gita".

Lale sempre teve medo de contar sua história e de Gita. Como foi o tatuador de Auschwitz (e Gita foi transferida para uma área administrativa que cadastrava fichas, já que Lale com seus pequenos benefícios, conseguiu ajudá-la a mudar seu trabalho para mantê-la aquecida), Lale tinha medo de que após a guerra acabar, fossem acusados de serem colaboradores da SS. E mesmo que nos documentos conte que eles trabalhavam em cargos administrativos no campo, eles não passavam de prisioneiros como todos os outros. Então somente após a morte da esposa ele conseguiu dizer ao mundo tudo o que passou. E o fim do livro onde a autora explica como ele foi escrito, é onde a ficha cai, e todo o choro que você ainda não tinha colocado para fora vem como uma enxurrada. 

A cada página, uma ferida é aberta, a cada situação contada pelos olhos desse homem que viveu de perto em tudo isso, um sentimento de impotência e uma dor profunda se instala. Uma empatia enorme cresce em mim a cada livro que leio sobre esse período da humanidade. E cresce também o medo, por saber que isso tudo começou por política, e por saber que a política, autoritarismo e o preconceito têm o poder de chegar a extremos como esse.

Indico esse livro a todos que gostam de um bom livro, independente de conter romance. É uma história real que vale a pena ser lida por todos, ser contada para todos, e acredito que quanto mais ela se espalhar, mais pessoas vão poder ser tocadas como fui, e talvez melhorar sua empatia com o próximo e entender melhor esse período tão triste da história. 

Obrigada por ler essa resenha enorme, que jamais poderia ser feita com poucas palavras, e deixo no fim pequenos trechos do livros que me emocionaram ou me tocaram de alguma forma. 


"Estamos na merda, mas não vamos permitir que nos afoguemos nela" 

" - Nós usamos a estrela amarela.
  - Sim, você usa a amarela, seu crime é ser judeu."

"A política nos ajuda a entender o mundo até não o entendermos mais, e, depois, faz com que você acabe em um campo de prisioneiros. A política e também a religião".

" - Sabe de uma coisa, Tatowierer? Aposto que você é o único judeu que já entrou em uma câmara e saiu vivo dela."

"Se você acordar pela manhã é um bom dia" 


"Seja atencioso Lale, lembre-se das pequenas coisas, e as grandes se resolverão sozinhas"

"Sou apenas um número. Você deveria saber disso. Foi você quem me deu."

"Que vocês duas tenham escolhido sobreviver é um tipo de resistência contra esses nazistas desgraçados. Escolher viver é um ato de rebeldia, uma forma de heroísmo."

"Ninguém é perfeito. Seu pai sempre cuidou de mim desde o primeiro dia, quando nos conhecemos em Auschwitz Birkenau. Sei que ele não é perfeito, mas também sei que sempre me colocou em primeiro lugar" - Palavras de Gita para o filho. 

"Enquanto estivermos vivos e saudáveis tudo vai dar certo"




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