Resenha "Um gato de rua chamado Bob - James Bowen"
maio 28, 2019
É uma tarde de outono em Covent Garden, Londres. Trabalhadores correm para o almoço, turistas brotam de todos os lados e clientes entram e saem das lojas. No meio de tudo isso está um gato. Usando um vistoso lenço Union Jack em volta do pescoço e cercado por uma multidão de 30 espectadores de boca aberta, Bob, o gatinho cor de laranja, sorri — é, sorri — timidamente. Próximo a ele, está seu dono James Bowen, com seu violão surrado, cantando músicas do Oasis. Então, ele para de tocar e se abaixa para Bob: “Vamos, Bob, cumprimente!”, diz. Bob mexe os bigodes, levanta uma pata e a estende para James. A multidão assobia. Não é todo dia que se vê um gato sentado, calmamente, no centro de Londres, aparentemente sem se abalar com o barulho das sirenes, os carros passando e todo aquele movimento — mas Bob não é um gato comum…
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Olá querido leitor, hoje venho falar sobre esse livro incrível, que por incrível que pareça não é de ficção, e eu amei.
Andando em uma livraria uma vez (quando eu ainda não tinha paixão por livros), eu me deparei com essa capa simpática, e fiquei curiosa depois de ler a sinopse. Ganhei de presente, e comecei a ler assim que cheguei em casa, e no dia seguinte já havia terminado.
O livro conta a história real de James Bowen, que é filho de uma família totalmente desestruturada. Quando ele era criança, os pais se divorciaram e ele foi com a mãe para a Austrália. Mas ele nunca se estabeleceu, e cresceu mudando de um lugar a outro, sempre sozinho. Na adolescência largou a escola e se revoltou com a vida, voltou para a Inglaterra, mas não conseguiu emprego e com o passaporte perdido acabou indo morar nas ruas de Londres.
Sendo morador de rua, foi inevitável ser apresentado para as drogas, e começou usá-las para fazer o vazio que sentia se esvair, e logo estava viciado em heroína.
Seu sustento vinha de tocar violão na rua, e mais tarde começou a fazer pequenos furtos para conseguir manter o vício. Tudo isso acontece dez anos antes de ele encontrar Bob, e tentar pela primeira vez ficar limpo das drogas e ter uma vida digna.
James consegue tratamento, acompanhamento psicológico e uma moradia bem modesta do governo para conseguir sair das ruas. Mas a última coisa que ele precisa, é ter um animal de estimação.
Só que quando durante o rigoroso inverno europeu, aparece um gato laranja no corredor de seu prédio, ele resolve cuidar do bichinho até que ele esteja bem e alimentado para partir. Acontece que todas as oportunidades e tentativas para que o gato siga seu caminho, são perdidas quando ele decide ficar, e acaba por ganhar o nome de Bob. (na minha opinião, não é James que o adota, e sim Bob que adota o James)
James agora vê em seu caminho, uma responsabilidade, um propósito além de sua vida já tão danificada. E Bob acaba por ser um gato insistente em manter-se próximo, e quando James dá por si, ele está tocando violão nas ruas com um gato aos seus pés. E se antes ele passava despercebido, agora ele ganha toda uma nova atenção pelas pessoas que passam e ficam curiosas pelo gatinho que está sempre acompanhando seu dono, e ele vira literalmente a atração do show.
É uma história muito triste de um homem que chegou ao fundo do poço, e saber que tudo foi real, é o que mais dói. Pensar que existem tantas pessoas passando por esse problema bem agora, e que muitos não tem a sorte de encontrar uma luz e superarem. Mas James conseguiu. Bob foi seu pequeno milagre, e hoje temos a chance de conhece-los através desse livro incrível. Espero muito que você o leia e sinta o que eu senti.
Obs: também fizeram o filme baseado na história, e embora comecei a assistir sem muitas expectativas, me surpreendi e me emocionei da mesma forma de quando li o livro. Da uma conferida no trailer que deixei aqui em baixo, e caso já conheça essa história, me conta nos comentários o que achou. Beijos ;*
Quotes
"Os gatos são notoriamente exigentes a respeito de quem eles gostam. Se um gato não gosta do dono, ele sai e encontra outro. Gatos fazem isso o tempo todo. Eles vão embora e passam a viver com outra família. Ver-me com meu gato suavizou-me aos olhos das pessoas. Ele me humanizou. Especialmente depois de eu ter sido tão desumanizado. De certa forma, ele estava devolvendo minha identidade. Eu tinha sido uma não pessoa; e estava me tornando uma pessoa novamente."
"Enquanto ele repousava em meu colo no ônibus de volta para Tottenham, senti as emoções aflorando de vez em quando. Tive que me esforçar muito para me impedir de irromper em lágrimas. Bob era a melhor coisa em minha vida. O pensamento de perdê-lo era aterrorizante. E eu não conseguia tirar esse pensamento da cabeça."
"Todo mundo precisa de um tempo, todo mundo merece uma segunda chance. Bob e eu agarramos a nossa."
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